segunda-feira, 1 de março de 2010

Estou, mais uma vez, naquele sitio onde o sofrimento é constante...
Mais uma tarde no hospital, a minha terceira casa (ou será a primeira?!)
Mais um dia a executar técnicas dolorosas, a espetar agulhas nos corpos doentes dos outros, a fazer pensos a feridas abertas que sangram, a remover uns pontos aqui e ali...
Estou mais uma vez a fazer o que gosto, porque se há coisa que mantenho, de principio, é a humanização, é o dar um pouco de mim para aliviar o sofrimento do outro...
Incutiram-me que o nosso papel não passa apenas por tratar a doença, mas cuidar da (e na) saúde. Mas, de facto, no papel tudo é perfeito, fantástico...
Quando nos apercebemos do mundo que nos rodeiam, as coisas doem...
... E principalmente hoje estou vulnerável a sentir a dor dos outros...
É-me particularmente dificil fazer técnicas dolorosas, olhar para a morte e ter de a aceitar como sendo uma etapa natural, pela qual todos passamos...
... É-me particularmente dificil olhar para a senhora a chorar, ou para o senhor que tem um enfarte do tamanho do mundo e precisa de ser intervencionado...
Sim, fui eu que escolhi o que faço... não me arrependo... Cada vez mais tenho forças para fazer aquilo que for preciso, para mudar as vezes que forem necessárias...
Mas hoje não... Hoje sinto que as forças estão em baixo, sinto que preciso de fazer a digestão que ficou mal feita...

... Hoje sinto que preciso um pouco mais de mim

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