segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Frágil

Põe-me o braço no ombro
Eu preciso de alguém
Dou-me com toda a gente
E não me dou a ninguém
Frágil
Sinto-me frágil

Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar de mais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais
Frágil
Eu sinto-me frágil

Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil

Está a saber-me mal
Este whisky de malte
Adorava estar in
Mas estou-me a sentir out
Frágil
Eu sinto-me frágil

Acompanha-me a casa
Já não aguento mais
Deposita na cama
Os meus restos mortais
Frágil
Eu sinto-me frágil

Jorge Palma

quarta-feira, 16 de setembro de 2009




rafael decidiu falar comigo novamente...
ainda não se sentia bem!
diz que apenas vê a solução mais fácil à frente, que ainda não têm estômago para conseguir digerir aquelas coisas...
falou-me que os seus amigos cada vez mais lhe diziam que não era normal...

ele também achava que já lá ia demasiado tempo...
mas não se consegue desprender, as molas são fortes de mais, têm o aço bem marcado.
todos os dias ele tentava não pensar sobre o assunto.
e, de facto, por vezes, conseguia.
disse-me que quando tinha pessoas à sua volta, conseguia sorrir...
... mas quando sentia o terror de estar sozinho, nem que por 5 minutos que fosse, voltava os leves e breves pensamentos à ideia...
diz que se sente numa dualidade, porque, vejamos: se quando está sozinho ele diz que está pior, então porque é que de facto ele insiste em estar sozinho?
eu fiz-lhe esta pergunta...




rafael baixou a cabeça...
os olhos encheram-se do liquido translucido que ele tantas vezes vira ultimamente....
ele queria deixar de ter este tipo de ideias...

ergueu os olhos e, num tom muito baixinho, disse-me que apenas gostava de voltar a ser ele mesmo...
gostava apenas de poder sair de casa e de se sentir bem,
de dormir uma noite descansado,
de poder voltar a sorrir, sem fingir...


rafael queria apenas não tentar a solução mais fácil...


rafael está cada vez mais fraco,
os braços arqueiam,
as mãos fecham-se
rafael sente cada vez mais o vento a passar-lhe entre os dedos...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Perfeito Vazio




Aqui estou eu
Sou uma folha de papel vazia
Pequenas coisas
Pequenos pontos
Vão me mostrando o caminho

Às vezes aqui faz frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no Vazio
As vezes aqui faz frio

Sei que me esperas
Não sei se vou lá chegar
Tenho coisas p'ra fazer
Tenho vidas para a acompanhar

Às vezes lá faz mais frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio

(lá fora faz tanto frio)

Bem-vindos a minha casa
Ao meu lar mais profundo
De onde saio por vezes
Para conquistar o mundo

Às vezes tu tens mais frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio
No teu peito vazio

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Segue o teu destino


Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te.
A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.


Ricardo Reis

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Divagações...

"E tu sabes que eu sei, mas ages como se nada fosse, como se do contrário se tratasse..."

Pensamento do Dia