O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior.
- Não! Não! Eu não quero um elefante numa jibóia. A jibóia é perigosa e o elefante ocupa muito espaço. Tudo é pequeno onde eu moro. Preciso é dum carneiro. Desenha-me um carneiro. Então eu desenhei.
Olhou atentamente, e disse: - Não! Este já está muito doente. Desenha outro. Desenhei de novo.
O meu amigo sorriu com indulgência: - Bem, isto não é um carneiro. É um bode... Olha os chifres... Fiz mais uma vez o desenho.
Mas ele foi recusado como os precedentes: - Este é muito velho. Quero um carneiro que viva muito. Então, perdendo a paciência, como tinha pressa de desmontar o motor, rabisquei o desenho ao lado. E arrisquei: - Esta é a caixa. O carneiro está lá dentro.
Mas fiquei surpreso de ver iluminar-se a face do meu pequeno juiz: - Era assim mesmo que eu queria! Será preciso muito capim para esse carneiro? - Porquê? - Porque é muito pequeno onde eu moro... - Qualquer coisa chega. Eu dei-te um carneirinho de nada! Inclinou a cabeça sobre o desenho: - Não é tão pequeno assim... Olha! Adormeceu...
Existe um jogo de tensão entre as personagens, uma situação de opressão que nos remete para "o absurdo dos nossos dias: as pessoas que dominam outras, que as humilham, e aquilo de que as pessoas dominadas são capazes".
(...)
Há três personagens vestidas de prisioneiros que se encontram num telhado, que é um espaço ao ar livre, mas limitado, porque não podem sair dali, e uma criança, a quem se vêem obrigados a contar histórias, para a entreter.
Não consegui encontrar uma sinopse "integral" desta peça. Contudo tive o prazer de a ver ao vivo e é qualquer coisa de muito bom! Vale a pena, não só pela qualidade do texto, como pela boa interpretação doa actores.